terça-feira, 10 de março de 2009

Progresso? Que Progresso?

Desenvolvimento. Que desenvolvimento?

Para onde queremos ir?



Quando ouvimos falar de progresso hoje, de desenvolvimento hoje, ouvimos falar de finanças em crise. Palavras temidas por alguns. Palavras louvadas por outros. Os que a temem à séria, são os que ouvem falar dela. Os que a temem, se calhar, são os que têm a palavra e discursam sobre ela. Os que a louvam, são os que talvez a possam perspectivar, num futuro mais ao menos próximo, como uma oportunidade (a história está cheia deles e os meus avós enquadraram-se neste grupo). Estes, por qualquer motivo que desconheço, tornam-se capazes de olhar em volta percebendo qualquer coisa, não sei se definida, depois enconcham e fazem nascer daí uma ideia, após o que desenrolam e mexem num determinado sentido, fazendo a sua própria estrada para chegar a determinado sítio e, chegam mesmo! Aplicar-se-á aqui a expressão popular: "da necessidade nasce o engenho". Há ainda os que, detendo a palavra, assumem, provavelmente à luz da história, que em tempo de crise é possível "dar a volta por cima". Estes não precisam de dar grandes voltas, mas aconselham-na aos outros.

Há ainda uns que parecem tentar mexer-se atolados nas preocupações de defesa da vida dos outros, da qualidade de vida dos outros. Tão bem intencionados que são! Neste grupo situo as hostes políticas: os que dominam o poder, pensando na manutenção do seu status; e, os que se situam na oposição, pensando no momento de alcançar o mesmo poder que os primeiros detêm. Os primeiros não podem ser demasiado óbvios por razões, também elas, óbvias. Os últimos não podem opor-se de forma absolutamente clara e desimpedida aos primeiros, pois podem vir a sofrer as consequências num futuro que desejam próximo.

E... os que detêm o outro poder: o poder do dinheiro. Provavelmente, um poder maior!

Estes são os grandes empresários e seus aliados. Empenham-se em lóbis "desinteressados", aplicam-se em negociações laterais para não contribuírem para o aumento dos números do desemprego, "baixam" os preços para facilitarem o consumo, publicitam o empréstimo sem exigência de garantias, gritam discursos para aumentarem a confiança do consumidor e do pequeno/médio empresário, tecem teias para enrolarem o mundo. Defendem-se!

São facetas da dita crise, que nos entra pelos ouvidos dentro e não tanto pelos olhos, facto que me deixa desconfiada. Fico desconfiada, não por pensar, como outros, que a crise não existe, mas por pensar que, até a crise é mais para alguns do que para outros. Injusta, afinal!

Mas sim, vejo a dita crise como uma oportunidade!

Não propriamente como uma oportunidade de progresso/desenvolvimento económico e financeiro. Isso seria condenar a humanidade à não evolução. Mais que progredir, deveríamos evoluir.Este é o grande momento da evolução da humanidade.É o momento, por excelência, para pensarmos em valores como o respeito pelos outros e por nós próprios, pelas coisas, pela natureza... É o momento para desacelerarmos na produção e no consumo. É o momento para recuperarmos o ar para respirar, o mar de água salgada e gelo, os rios de agua doce, as fontes de água potável, as dimensões de terra e areia, a sucessão natural das Estações do Ano, a época das chuvas e a época do sol, o velho vento Norte, o tempo dos morangos e das cerejas, o tempo para ouvir histórias do tempo dos velhos, o tempo para ter tempo para os velhos... É tempo de desdesenvolver!
Este será o progresso.

Será que consigo?

Sem comentários:

Enviar um comentário

Pesquisa personalizada